Se você se deparar com o magnífico quadro de Mona Lisa, você poderá até lembrar também do nome genérico para o mesmo quadro - La Gioconda, não terá dificuldade em lembrar também o nome do autor do quadro - Leonardo Da Vinci e ainda você será capaz de repassar alguns dados - começou a desenhar em 1503 e só terminou 3 ou 4 anos depois - e de falar como qualquer pessoa que o tal sorriso é mais enigmatico do mundo... Nem pra tanto, já que é a obra mais conhecida do domínio Público Mundial, não saber nada de Leonardo Da Vinci é uma total falta de informação, e se você sabe pelo menos um pouco, parabéns pra você!
Mas, você com certeza nunca parou pra pensar: "Poxa, amo esta imagem, quem será que tirou esta foto de Che? O cara deve estar rico agora ...Bem, deixa pra lá, isso não me interessa!"
Interessa sim, apresento para vocês Alberto Korda..
Seu nome verdadeiro é Alberto Díaz Gutiérrez, mais conhecido como Alberto Korda, um cubano nascido em 14 de setembro de 1928, que foi dono de um estúdio fotográfico focado em publicidade e moda em Havana antes da Revolução Cubana, foi o responsável pelo maior icone Pop de esquerda de todos os tempos usadas até hoje.
A sua obra é vista em qualquer lugar, desde camisetas ou cartazes colados nos muros, nas ruas, demonstração de idéias, um símbolo de domínio público e muito usado hoje como inspiração de idéias revolucionárias para jovens em busca de ideais. É sem dúvida, depois de Jesus Cristo, a segunda imagem pop mais famosa do planeta, a imagem definitiva de Che Guevara de Korda.
A fama de Korda foi por acaso e sem querer, sendo reconhecida muito tempo depois já quando Che estava falecido. Mas antes de comentar esta foto, vamos focar um pouco os outros trabalhos quando começou na sua carreira, na sua mudança para a idéia socialista, seu trabalho como fotógrafo jornalistico do 'Revolución', o reconhecimento Internacional.
De seu trabalho reunido, uma coleção de imagens intitulada: "Cuba por Korda", é mostrada com fotografias as fases de sua carreira, quando começou em 1950 em seu estúdio tirando fotos de produtos comerciais como pacotes de salsicha, de café e marcas de garrafas de rum, como também, fotos de modelos, sensualidade e erotismo feminino, muitas mulheres, vendendo depois para um semanário de Havana, se tornando o primeiro fotógrafo de moda em Cuba, o semanário celebrizou a sua esposa Korna, também modelo.
A sua mudança para o ideal socialista foi até radical quando se trata de visão para um fotógrafo inconformado, uma conversão.
Em 1958, Korda se encontrava em um vilarejo miserável, e alí teve seu Insight social-humano quando trabalhava na região de Pinar del Rio, famosa pelos melhores charutos que produz no mundo.
Estava diante de uma menina chorando assustada pela câmera, Tinha percebido que nas mãos dela havia um pedaço de madeira envolto com papel jornal como um "vestido", na qual a menina a chamava de "Minha Boneca".
Sensibilizado, se interioriza para a real condição do país - a pobreza - na então Cuba de Baptista, e se torna um revolucionário apoiando Fidel Castro.
Em 1959, em Cuba agora comunista, trabalha como militante para o
Jornal Revolución e sem ganhar salário pelos seus serviços.
Escrevia textos de aclamação popular para a revolução. Integrou-se na equipe jornalística que acompanhou Fidel em sua viajem para os Estados Unidos, e lá mesmo, tirou uma fotografia interessante que mostra fielmente a força de seu trabalho - A incrível imagem de Fidel Castro contemplando o Lincoln Memorial, uma estátua gigante do 16° presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln, feito em granito em Washington D.C. (ver foto)
Fidel gosta do seu trabalho, e o convida em sua delegação para uma visita na Venezuela. Assim, foi fotografo pessoal de Fidel durante 10 anos, de 1968 até 1978.
A Celebração da cena imortalizada de "Che Guevara de Korda" veio em 5 de março de 1960, num ato de protesto às 136 vítimas de sabotagem na explosão do cargueiro francês Le Coubre, no porto de Havana. Ao lado de várias autoridades cubanas que naquele momento dividiam o espaço no palanque, Fidel discursava junto a população com Che, Sartre e Simone de Beauvoir, quando num exato momento, Che avança para ver a multidão. Rapidamente, Che foi enquadrado na perspectiva de Korda que bate duas fotos (uma na vertical e outra na horizontal) mostrando a expressão carregada e severa de Che (ver foto), vestido com sua jaqueta verde-claro com detalhes em preto. Alberto Korda nunca se deu conta da força daquelas imagens, ele conseguiu a cena derrepente numa aparição de rápidos 45 segundos do 'El Comandante' na tribuna, e nem tinha idéia também da sorte em conseguir extrair a bela expressão.
Mas esta cena, como foi dita, não ficou famosa instantaneamente: foi desprezada pelo arte-finalista do Jornal Revolución no dia seguinte pós o ato e só foi publicada um mês depois no jornal, impressa em 3x4 do tamanho, dizendo sobre uma conferência que Chê daria na tv estatal cubana.
Quando Che foi morto na selva por tropas bolivianas, meses depois, vem até Cuba Giangiancomo Feltrinelli, um editor italiano, ativista da esquerda radical na Europa e amigo de Fidel. Giangiancomom procurava algumas imagens de Che, escolhendo as fotos de Korda. Giangiancomo recortou as laterais da tomada em horizontal, imprimiu milhares de postais e pôsteres e espalhou por todo o mundo. E Alberto Korda nunca recebeu um tostão da fotografia que tirou, e nem mesmo seu nome expresso, nunca ofereceram a ele tal direito em valores, e ele nunca foi buscar o que era garantido.
Alberto Korda teve uma ataque cardiaco em 15 de maio de 2001, quando estave em Paris, está enterrado no Cemitério de Colon, em Havana - Cuba.
Pra finalizar, a jornalista brasileira Alessandra Silvestri-Levy o entrevistou em Point Dume, Malibu - Los Angeles. Ela foi co-autora do livro de fotorafias quando caminhava e entrevistava sobre a calçada da orla com Korda, lhe fezendo uma pergunta:
-Se você tivesse sido pago a dez centavos de dólar por cada foto reproduzida, compraria um desses palácios?
Korda guarda silêncio. Horas mais tarde, já retornando a Cuba, dá sua sentença:
-Sabe, a vista que tenho do meu apartamento, dos pores-do-sol, o jeito com que as mulheres cubanas caminham sobre o malecon, um peixe fresco ou um porco grelhado com meu rum Anejo, meus cigarros populares... eu não trocaria isso por nada neste mundo.
Esta é minha homenagem à Alberto Korda, que tem sua melhor obra estampada em camisetas de roqueiros e pseudo-socialistas, cadernos teens e poster da moda moderna, sem que estes que sempre usam tal imagem, não saibam da metade daquilo que está alí!